Empresas de logística que atendem as grandes empresas de e-commerce do país estão se reestruturando e já reforçaram o quadro de pessoal para atender a demanda de entregas durante a Black Friday e o Natal. O movimento é feito diante de uma possível paralisação dos empregados dos Correios numa época de maior demanda no comércio online e enquanto a estatal tenta fechar as contas em meio a uma dívida bilionária.
Os Correios correm contra o tempo para conseguir um empréstimo de R$ 10 bilhões até o final do mês para impedir um colapso na operação da empresa. O momento é de uma crise sem precedentes. Diante disso, empresas de logística já se prepararam para atender a demanda extra nas próximas semanas.
A BBM Logística, por exemplo, que atende grandes empresas, como Shopee e Amazon, já reorganizou a própria estrutura. O diretor de e-commerce e transporte fracionado da BBM, Jorcei Chiochetta, explica que a demanda vai ser absorvida com tranquilidade pelas empresas e o presente de Natal chegará a tempo.
No entanto, lembra que, para atender a capilaridade da estatal, o custo pode ser maior para atender municípios mais distantes, por exemplo. "Durante a Black Friday, a gente trabalha com prêmios de produtividade, taxas de atratividade para o entregador vir para cá. Eu garanto que a gente está preparado para absorver tranquilamente mais uma parcela desse volume caso ele venha. Naturalmente, o mercado vai ter que absorver talvez um aumento de custos na sua distribuição - nem sempre vai conseguir operar a tarifa dos correios. Ninguém vai ficar sem presente no final do ano", garante.
A demanda na Black Friday costuma ser 50% maior. Em alguns anos, o volume de entregas dobra nesta época. Os empregados dos Correios ameaçam uma paralisação geral, caso a empresa não assine o acordo coletivo vigente e a reposição do salário pela inflação.
Se a empresa não der uma sinalização até a Black Friday, os trabalhadores prometem parar, o que pode atrasar o envio de encomendas pelo país, como explica o secretário-geral da Federação dos Trabalhadores dos Correios, Emerson Marinho."Nós não vamos aceitar que o processo chamado reestruturação, recuperação da empresa passe por cima dos direitos dos trabalhadores. E nós vamos estar comprometidos com a Black Friday, mas desde que no próximo mês seja prorrogado o nosso acordo coletivo. Caso isso não ocorra, nós vamos construir um calendário que pode trazer um impacto direto na operação da empresa, fazer com que ele tenha o desfecho de uma possível paralisação do serviço no mês de dezembro", diz.
Os Correios também finalizam uma proposta de mais um Programa de Demissão Voluntária. O objetivo é conseguir a adesão de 10 mil funcionários, mas os trabalhadores dizem que isso só será possível com propostas atraentes, diferentes das já oferecidas até agora.
Fonte: CBN