13/04/2021

PicPay entra no varejo de produtos de consumo

 PicPay entra no varejo de produtos de consumo


O PicPay, aplicativo que opera como uma carteira digital, vai estender a operação para ser um shopping center virtual - negócio explorado por Amazon, B2W, Mercado Livre, Magazine Luiza e Via Varejo. Será a primeira incursão da empresa, controlada pelo Banco Original, da holding J&F, no varejo on-line de bens de consumo, e os contratos com lojistas e indústrias já começaram a ser negociados.

No fim da semana passada, o acesso à loja on-line estava disponível aos 49,9 milhões de usuários do Pic Pay - desse total, 36,6 milhões são ativos. A equipe de 60 pessoas dessa operação, a “PicPay Store”, tem buscado lojas de eletrônicos, moda e beleza para a primeira fase do projeto. A Multilaser é uma das marcas que fecharam contrato e está pondo 200 produtos à venda na loja, como acessórios, eletroportáteis e TVs.

Numa segunda fase, entre 2021 e 2022, devem ser fechados acordos com parceiros do setor de viagens, educação e transportes.

A intenção é criar uma nova unidade que se integre à uma plataforma digital maior, e que ainda está em desenvolvimento no PicPay. O shopping virtual, ou marketplace, no jargão do setor, é parte desse planejamento, que se abre em duas vertentes: marketplace de produtos financeiros (seguros, empréstimos) que funcionará como plataforma aberta e está sob estudo, e o marketplace de produtos de consumo. Este último funciona dentro do que parecer ser uma lógica simples, mas que precisa ganhar tração e convencer parceiros, dizem consultores.

A empresa vai tentar atrair lojistas usando como chamariz o acesso à base de quase 50 milhões de usuários além da carteira de serviços financeiros ao varejista. Mas, inicialmente, o pacote a ser oferecido tem limitações. “Vamos gerar negócios pela nossa enorme carteira e pela força financeira e tecnológica que já temos \[...]. Mas não vamos fazer a logística e a distribuição \[para o vendedor]”, diz Fabio Plein, executivo contratado em janeiro para liderar esse negócio, e ex-gerente geral do Uber Eats.

“Não é por aí que vamos trazer parceiros, mas pela massa de usuários e pela carteira de outros serviços ao lojista e ao consumidor”, afirma. Para efeito de comparação, as carteiras dos concorrentes também são relevantes: o Mercado Livre, dono do Mercado Pago, tinha 74 milhões de usuários ativos nos últimos 12 meses na América Latina, e analistas estimam que mais da metade disso está no Brasil. A B2W tinha 39,7 milhões em dezembro de 2020, e o Magazine, 33 milhões. O PicPay, no fim de 2020, tinha 28,4 milhões de usuários ativos - hoje são 36,6 milhões.

O comando do PicPay acredita que a base de consumidores que usa o aplicativo para fazer recarga de celular ou buscar voucher de delivery vai acessar a sua loja on-line, e o vendedor, então, ganharia visibilidade automática. “A ideia é dar destaque a essa aba do marketplace no app \[aplicativo] e que o cliente faça várias transações por ali, como recargas, compra de uma geladeira ou TV, e mais à frente, possa contratar empréstimo de financeiras ou bancos. É criar uma plataforma aberta e unificada, num super aplicativo”, afirma ele.

Na prática, é o desenho do modelo de marketplace chinês, e que tem sido explorado por varejistas brasileiras de três anos para cá. Grandes marketplaces no país vêm comprando fintechs e startups, o que tem acirrado o cenário de competição no digital.

Foi aberta, desde 2020, após a pandemia, uma disputa pela entrega mais ágil e eficiente, isso melhorou o nível de serviço e levou Amazon e Mercado Livre a abrir centros de distribuição no país.

Para entrar nessa disputa logística, o PicPay teria que avançar sobre um campo bem diferente do seu negócio atual. “Se as redes varejistas precisam de fintechs e startups de tecnologia, para montar seu marketplace, o PicPay já fez uma parte desse caminho. E agora precisa ser identificado como um canal de varejo para que usuário gaste dentro da sua plataforma. Mas para isso avançar, focar em logística poderia ser um desvio \[na sua rota], e algo bem complexo e custoso”, resume um diretor de uma empresa de entregas.

Para Eduardo Terra, sócio-diretor da BTR Educação e Consultoria, um lojista que busca um marketplace hoje avalia a audiência, logística, tecnologia e navegabilidade e a segurança do sistema, como proteção a fraudes. “O PicPay têm audiência e um sistema seguro, então é possível que, sem logística, eles tragam varejistas e indústrias maiores que façam a própria distribuição e entrega”, afirma.

“A questão é saber se é possível ser competitivo sem ter na sua loja vendedores médios e pequenos, que hoje já contam com a distribuição feita pelas plataformas”. Para consultores, o aplicativo deve adotar postura agressiva, com taxas de comissões menores e algumas facilidades para atrair vendedores para a loja - considerando o poder financeiro do banco controlador - algo que B2W já fez e Via Varejo tem feito recentemente.

Perguntado sobre a hipótese de praticar redução ou isenção de taxa, Plein diz que a empresa “vai investir nisso se for preciso”, incluindo o “cash back” (devolução de uma parte do valor pago) ao consumidor sobre o valor da venda, como incentivo. Varejistas on-line cobram uma taxa de comissão sobre o preço do produto e do frete, que tem variado de 10% a 20%.

Nesse segmento, o concorrente PagSeguro lançou seu marketplace no fim de 2020, após acordo com redes como Fast Shop, Centauro e Cobasi. O cliente acessa a aba “shopping” e é direcionado ao site da loja parceira, com possibilidade de receber “cash back”. O PicPay também tem contactado grandes redes varejistas para abertura de lojas em sua plataforma.

Desde 2019, Plein diz que o volume de transações pelo PicPay cresceu nove vezes, e reforça que a empresa tem quase 80 parceiros no marketplace oferecendo serviços (voucher, recargas, cursos).

O PicPay viu as transações pela sua plataforma dispararem após a chegada da covid-19, com ajuda de altos investimentos em inserções publicitárias e ações em redes sociais. O total de usuários mais que dobrou, de menos de 20 milhões há um ano para os atuais 50 milhões.

A empresa teve prejuízo de R$ 275,5 milhões em 2020, pouco mais de três vezes superior à perda de 2019 - a empresa já acumula prejuízos de R$ 471 milhões. Em 2020, a receita com prestação de serviços subiu 174%, para R$ 250 milhões.

O PicPay foi fundado por um grupo de sócios em 2012 e acabou adquirido em 2015 pelo banco Original, que segundo acordo de acionistas, é o controlador da empresa. O maior sócio do Pic Pay é José Batista Sobrinho, patriarca da família Batista, que organiza seus negócios a partir da holding J&F.

Notícias Relacionadas
 Santos Brasil avança rumo à meta de aterro zero até 2028

06/06/2025

Santos Brasil avança rumo à meta de aterro zero até 2028

A Santos Brasil dá mais um salto importante rumo à sustentabilidade: em cerca de um ano, desde o lançamento oficial do Projeto Aterro Zero, a Companhia alcançou uma redução de 63% no env (...)

Leia mais
 Tegma conquista quarta certificação do Great Place to Work

06/06/2025

Tegma conquista quarta certificação do Great Place to Work

A Tegma Gestão Logística foi certificada pela quarta vez consecutiva pela consultoria internacional Great Place to Work (GPTW), com base nos resultados de sua mais recente pesquisa de cl (...)

Leia mais
 IA e redes sociais estão a transformar as compras online

05/06/2025

IA e redes sociais estão a transformar as compras online

A DHL eCommerce lançou o seu relatório “E-Commerce Trends Report 2025”, com base em informações recolhidas junto de 24 mil compradores online em 24 mercados globais chave. O estudo deste (...)

Leia mais

© 2025 ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. CNPJ 17.298.060/0001-35

Desenvolvido por: KBR TEC

|

Comunicação: Conteúdo Empresarial

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.