A reoneração gradual da folha de pagamentos, em curso desde janeiro deste ano, pode gerar impactos relevantes nos custos do transporte rodoviário de cargas no Brasil. Segundo estimativas da GEP Costdrivers, plataforma de inteligência de dados para profissionais de compras e Supply Chain, o processo de transição — que substitui a contribuição sobre a receita bruta pela retomada da alíquota de 20% sobre a folha salarial — pode elevar o custo médio do frete em 2,4% nas operações de carga lotação e em 5,1% no frete fracionado até 2028.
Atualmente, os salários representam cerca de 20% da composição de custos do frete em operações de carga lotação e até 34% no frete fracionado, considerando uma distância média de 400km, de acordo com dados do DECOPE. Com a mudança, o setor deve observar uma redistribuição gradual desses custos nos próximos anos.
“Nas operações fracionadas, que envolvem múltiplas entregas e maior uso de mão de obra, o peso da folha é mais representativo. Por isso, o impacto da reoneração tende a ser proporcionalmente maior nesse modelo, bastante utilizado na logística urbana e no comércio eletrônico”, explicou o economista da GEP Costdrivers, Rodrigo Scolaro.
A análise da GEP também destacou que o setor logístico já enfrentava aumentos nos custos operacionais nos últimos anos, especialmente com veículos. Entre 2021 e 2024, o principal fator de pressão sobre a estrutura de custos foi a elevação no valor dos veículos, superando, proporcionalmente, os aumentos em combustíveis e salários. Esse movimento foi impulsionado pela renovação de frotas com modelos menos poluentes e pela valorização dos veículos usados.
O economista reforçou que o momento exige atenção por parte das empresas de transporte. “Este movimento ocorre num cenário já marcado por outros fatores de pressão — como taxas de juros elevadas, volatilidade cambial e aumento do valor dos veículos de carga. Monitorar essas variáveis será essencial para manter previsibilidade e equilíbrio na gestão de contratos logísticos”, disse.
A GEP Costdrivers reforça que o uso de inteligência aplicada à gestão de custos é uma ferramenta essencial para empresas de transporte e embarcadores enfrentarem as mudanças tributárias com mais previsibilidade. A adoção de simulações, mapeamento de variáveis e revisões contratuais pode ajudar o setor a manter competitividade em um cenário dinâmico e em transformação.
Fonte: Mundo Logística