22/03/2021

"Reuniões para a infraestrutura: uma solução?"

 "Reuniões para a infraestrutura: uma solução?"


Por Rafael Moreira Mota, sócio do Mota Kalume Advogados\
Basta marcar uma reunião para, supostamente, resolver um problema. Melhor solução do que essa é apenas dizer que o problema não é seu e sim do outro. Infelizmente, mais um mantra da burocracia brasileira.

O Governo Federal publicou o Decreto nº 10.526, de 20 de outubro de 2020, instituindo o Comitê Interministerial de Planejamento da Infraestrutura e o Plano Integrado de Longo Prazo da Infraestrutura. Entre as suas funções, cabe ao Comitê definir e promover a compatibilidade e a integração entre as políticas e os planejamentos setoriais que compõem a infraestrutura do Governo Federal, classificar projetos como de grande porte, fomentar investimentos e contribuir para o aumento da qualidade e do estoque de infraestrutura do País, dentre outros.

Para regulamentar essas reuniões, foi publicada a Resolução nº 1, de 3 de dezembro de 2020, da Presidência da República, prevendo o rito que toda a máquina pública, composta por membros do Ministério da Economia, Infraestrutura, Meio Ambiente e outros mais tantos outros ministérios, precisará seguir.

A crise brasileira se agiganta. Investir em infraestrutura é essencial para a retomada do crescimento econômico e o planejamento é o passo inicial, entretanto, ainda é necessário saber qual é o papel do Governo Federal na infraestrutura.

Segundo pesquisa publicada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a média dos investimentos federais em infraestrutura em 2019 foram de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), mantendo-se na última década na menor proporção desde pelo menos os anos de 1940, o que é suficiente somente para manter o que, hoje, existe. O Brasil precisaria investir 4.15% do PIB nos próximos 20 anos para chegar a algo concreto, ou seja, apenas suprir gargalos em transportes, logística e saneamento. (FRISCHTAK, C.; MOURÃO, J. Uma estimativa do estoque de capital de infraestrutura no Brasil. Brasília: Ipea, 2017.)

Nesse cenário, de acordo com reportagem publicada recentemente, o Ministério da Infraestrutura afirma que a situação atual é de restrições orçamentária e, nas palavras da pasta, o caminho é “transferir o máximo de ativos para a iniciativa privada, para que os investimentos aconteçam de forma mais rápida”.

As concessões, parcerias público-privada e privatizações são defendidas pelo Governo Federal como forma de que o capital privado possa injetar recursos na convalidada infraestrutura brasileira. Aqui não se levanta com que olhos os recursos privados, nacionais ou internacionais, enxergam tais responsabilidades, principalmente, sob o foco das atitudes recentes de intervenções na Petrobrás, de privatizações que não saem do papel, da política ambiental e de ataques às instituições por membros do governo.

De qualquer forma, pela visão míope do governo, o aumento dos investimentos da infraestrutura não é problema do Estado, mas sim da inciativa privada. Enquanto isso, sem aumentar as verbas do orçamento, o Comitê Interministerial de Planejamento da Infraestrutura, até o final do governo Bolsonaro, realizará, em caráter ordinário, semestralmente, uma reunião para solucionar a infraestrutura do país.

Notícias Relacionadas
 DHL Supply Chain corta mais de 26 mil toneladas de CO₂ na América Latina em 2024

30/07/2025

DHL Supply Chain corta mais de 26 mil toneladas de CO₂ na América Latina em 2024

A DHL Supply Chain reduziu 26 mil toneladas métricas de CO₂ equivalente em suas operações na América Latina em 2024, segundo relatório divulgado pela companhia. O resultado foi alcançado (...)

Leia mais
 Brasil incorpora todos os estados ao projeto Rotas de Integração Sul-Americana

29/07/2025

Brasil incorpora todos os estados ao projeto Rotas de Integração Sul-Americana

O Governo Federal apresentou nesta segunda-feira (28/7) o Relatório 2025 do projeto Rotas de Integração Sul-Americana. Produzido pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, o documento (...)

Leia mais
 Empresa cria serviço para otimizar transporte de cargas ao Porto de Santos

29/07/2025

Empresa cria serviço para otimizar transporte de cargas ao Porto de Santos

A Brado Logística anunciou a criação de um novo serviço para o transporte de cargas de exportação entre a região de Campinas, no interior de São Paulo, ao Porto de Santos (SP). Segundo a (...)

Leia mais

© 2025 ABOL - Associação Brasileira de Operadores Logísticos. CNPJ 17.298.060/0001-35

Desenvolvido por: KBR TEC

|

Comunicação: Conteúdo Empresarial

Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade e, ao continuar navegando neste site, você declara estar ciente dessas condições.